quarta-feira, 18 de agosto de 2010

O quanto a internet é segura?


O quanto a internet é segura?

Quando a internet surgiu uma das principais ofertas que nos fornecia era “privacidade” na busca, e nos emails. Hoje sabemos que isso não é assim. O buscador Google grava todas as buscas que você faz se estiver logado com a sua conta. Portanto, é difícil ter privacidade hoje em dia, pois a publicidade sabe o que você mais procura. As empresas de busca afirmam proteger a privacidade de seus clientes criptografando (código) informações pessoais com números em vez de nomes para que seus usuários permaneçam anônimos.

Mas o que fazer para manter o sigilo em nossas buscas, emails, contas bancárias, etc. Talvez as leis da física possam resolver esse dilema. Hoje, muitos cientistas da computação estão transformando a criptografia em “canais quânticos”, muitos sistemas bancários estão usando esse tipo código para não haver violação. Assim, com esse tipo de sistema, pode “barrar intrusos” que queiram ver o que nós buscamos nas páginas de pesquisas. No futuro, não tão distante uma nova versão “quântica” da internet pode garantir que qualquer um faça pesquisas e receba respostas com a certeza de que ninguém saberá quais consultas você fez. Outra questão é que as buscas permitiriam tornar confidenciais todas as atividade realizadas on-line.

Mas como todos já sabem, as empresas de busca faturam com os anúncios dependendo da sua busca. Se você buscar por “comida para gato” lá estará um anuncio de marcas para a sua busca. As empresas de busca terão que elaborar um outro tipo de orçamento, sem ser o anuncio da busca.

O que os modelos quânticos tem haver com segurança na internet? A capacidade que a física quântica tem a oferecer é que os sistemas no universo quântico (que incluem desde partículas elementares até moléculas) podem existir em diversos estados. Pois nós sabemos que um átomo ou molécula pode estar em vários lugares diferentes; uma partícula de luz, ou fóton, pode ser polarizada vertical e horizontalmente ao mesmo tempo; o momento magnético (ou o spin) de um elétron pode estar apontada para cima ou para baixo, e assim por diante.

Mas porque não usar os bits (0 ou 1)? Aí que se encontra a chave! Os bits só geram 0 ou 1, com os “bits quânticos” podemos gerar 0, 1 ou os 0 e 1 simultaneamente. Não é possível fazer cópia exata desse bit, pois qualquer tentativa mudará seu estado quântico. Essa regra é conhecida na computação como “teorema da não clonagem”, se alguém colocar uma “escuta” em um canal quântico, não será capaz de “ouvir” a comunicação sem perturbá-la. Pois, sabemos isso pelo Princípio de Incerteza, quanto mais sabemos uma informação (por exemplo, a velocidade da partícula), menos sabemos outra (localização da partícula).

Porém, as “buscas quânticas” precisarão de um novo tipo de memória de armazenamento, pois como o buscador, será capaz de ler a mensagem se não é capaz de decodificar a mensagem. Um grupo de pesquisadores da Universidade de Pavia, na Itália, e outro no MIT-USA, criaram um protocolo capaz de enviar ao buscador uma “pergunta quântica” – ou seja, uma cadeia de bits quânticos que contenha simultaneamente a pergunta real e mais outra qualquer. O buscador, pesquisou em seu banco de dados atrás das respostas para múltiplas questões e combina perguntas e respostas em seu novo pacote quântico, enviando novamente ao usuário. Se o buscador quiser registrar uma cópia da busca, pronto! O usuário saberá que o sistema foi violado; pois o estado quântico de suas perguntas originais terá sido perturbado de maneira detectável ao computador. O ponto chave é: o buscador fornece a resposta sem saber qual foi a pergunta! Ou seja, ele fornece a resposta sem saber qual foi a pergunta ou qual usuário perguntou.

Adaptado: Scientific American Brasil “Privacidade e a internet Quântica” ano 8 Na 90, novembro 2009.