sábado, 12 de setembro de 2009

Água um bem muito estimado


Você já reparou o quanto de água você consome? Você deve estar pensando 1 litro para beber, mais 300 litros para tomar banho? Geralmente, pensamos que consumimos água apenas na hora de beber, fazer comida e na higiene. Tudo bem, mas estou querendo dizer se você tem idéia de que tudo o que você consome, usa e descarta, seja qualquer tipo de objeto tem água envolvido no seu processo.

Eu li um artigo na revista do Guia do Estudante Atualidades Primeiro Semestre 2009 (nome do artigo: Dossiê da Água, por Thereza Venturoli) e vou colocar os tópicos mais importantes para nosso questionamento, também pesquisei outras fontes que serão colocadas no final do post.

Uma das maiores preocupações de todas as nações é a água, um recurso natural esgotável. A água possui um ciclo eterno (ou seja, um recurso renovável), seja nos mares, rios, lagos, no subterrâneo, nas calotas polares, na atmosfera, etc. ela evapora, condensa, precipita, escorre para o fundo da terra, retorna nas nascentes voltando para a superfície de onde volta a evaporar (...) E esse curso já foi alterado, muitos povos de diferentes nações já sentem a escassez da água. O petróleo também é uma fonte de energia esgotável, porém, pode-se buscar outras fontes de energia. Já a água não tem alternativa, é o nosso único recurso, precisamos dela para a nossa sobrevivência. A água é um bem que pertence a todos, não somente aos humanos, mas a todos os seres que necessitam dela para a sua sobrevivência. Portanto, que direito nós temos de dominar esse recurso e deixar outros seres vivos, sejam racionais ou não, sem esse bem natural tão estimado!? Estamos numa época em que a ameaça de escassesz da água é de proporções globais, e o grande causador dessa ameaça é nós! Consuminos água numa forma sem precedentes. Sempre existiram zonas áridas no globo em toda a história, mas vivemos numa época em que a falta da água pode gerar conflitos globais.

Segundo fontes da Nasa e USGS (U.S Geological Survey), estima-se que toda a água do planeta (em todos os estados) é de 1,39 bilhões de quilômetros cúbicos, e que dessa quantidade nós usamos apenas a água doce superficial que representa 0,007% de toda a água doce do planeta.

Segundo a ONU, o consumo mínimo diário para uma pessoa é de 20 a 50 litros, somente para as necessidades básicas. Estima-se que uma pesssoa norte-americana pode consumir, em média, 650 litros por dia, um brasileiro 180 litros (Fonte: Relatório do Desenvolvimento Humano 2006). Segundo pesquisas, entre 1950 e 2008, a população mundial cresceu de 2,5 bilhões para 6,7 bilhões, e que em 2050 iremos ter uma população de 9 bilhões, em 60 anos a população mais que duplicou e o consumo de água aumentou sete vezes. Isso significa que iremos consumir muito mais água em 2050! Teremos que produzir mais artigos de consumo, isso quer dizer que as indústrias, plantações (com as irrigações), o uso doméstico, será gasto muito mais água!

O desenvolvimento industrial colabora e muito pela queda dos níveis dos rios e aquíferos. Pode ser paradoxal mas, quanto mais rica for uma população, maior será o consumo de água por habitante. E o pior: os povos ricos pagam mais barato a água! O resultado disso é que os povos de nações muito pobres, como no continente africano, tem altos índices de mortalidade e de incidência de doenças relacionadas às condições de acesso à água.

O aquecimento global é outro vilão da escasses da água! A poluição gerada pelo homem é um dos grandes responsáveis pela quebra do ciclo hidrológico. Consequência de que algumas regiões do globo sofrem com a escassez, e outras regiões em enchentes. Outros fatores, é o crescimento domográfico de regiões metropolitanas, que gera muito despejo tóxico de indústria e o de esgotos não tratados de casas nos rios, lagos e mananciais. O que é um crime ambiental e econômico para nós, gerações futuras e todo o ecossistema. Mas não é só nas cidades, nos campos, onde a agricultura em grande escala impera, também há um forte risco pela contaminação dos mananciais e lagos subterrâneos por pesticidas, ou por irrigação de plantações e água para o pasto. Muitos especialistas afirmam que ainda não existe uma política global para uma questão tão profunda e importante quanto o recurso da água. Isso deve ser motivo de guerra nesse século, pois existem muitas nascentes que estão num país que viram rios e que cruzam mais países; outro motivo de conflito que pode ser gerado é que muitas bacias hidrográficas (aquíferos) passam as fronteiras de vários países.

Nesses dois últimos séculos, o mundo desenvolveu-se de forma incrível. A população cresce, e com isso a produção de alimentos e insumos agrícolas também. Para produzir alimentos é necessário o uso da água, e estima-se que cada cidadão precisa de 2,7 mil litros de água por dia, contando todos os alimentos em que consome. Ou seja, a água que se usa em casa (50 litros em média por pessoa) representa apenas 10% do consumo mundial, os restantes 90% vem na forma de água invisível, dissolvida nos mais diferentes produtos e atividades. A agricultura é a responsável pelo maior consumo de água, cerca de 70% do que é extraído dos rios e aquíferos destina-se a produção agropecuária. O total de água consumida direta ou indiretamente por uma pessoa recebe o nome de pegada híbrida, e ela não mede somente a água agregada nos produtos, mas também o volume poluído pela cadeia produtiva. Essa pegada híbrida é muito desproporcional entre os países, isso por causa das exportações e importações, as nações pobres em água compram fora de sua produção nacional alimentos e produtos industriais, fazendo com que importem (na forma de água virtual) o recurso coletado de bacias hidrográficas de outras regiões do globo. Entre 1997 e 2001, o comércio internacional transferiu de um país a outro algo em torno de 1,6 trilhões metros cúbicos de água virtual por ano, em produtos agropecuários e industriais. Desse total, 61% do volume viaja invisivelmente em grãos, e outros produtos vegetais, animais e derivados representam 17%. Os produtos indústriais utilizam 22%. Isso indica que do total de 7,1 trilhões de metros cúbicos de água usada a cada ano pela indústria e agropecuária, 16% são relativos a produtos exportados. Entre produtos indústriais, isoladamente, esse percentual sobe para 34%. O Brasil está entre um dos maiores exportadores de água virtual do mundo. O Brasil entre 1997 e 2001 exportou, a cada ano, 67,8 bilhões metros cúbicos na forma de produtos agropecuários, tendo um saldo negativo na importação de quase 45 bilhões metros cúbicos. O prejuízo hídrico é muito grande. Existe dois aspectos importantes, a primeira é que quem tem pouca água em seu territótio, importa bens de consumo (como commodities, produtos agrícolas) de outros países (na maioria subdesenvolvidos) para manufaturar em seu território, onde gasta-se menos água. E os produtos agrícolas trazem muitos danos ao meio ambiente, que muitas vezes irreveusíveis.

A água é um bem natural. Mas esse bem natural tem que ser taxado? A água passaria de uma fonte natural para uma commodity? Quem consome mais deveria pagar mais por ela? No Brasil, como a água é muito abundante, há pouca campanha para se economizar. Em nosso país há pouca política sobre a água. O Brasil detém 13% de toda água superficial do planeta. Somando-se os depósitos subterrâneos, o país oferece a cada habitante 34 metros cúbicos por ano. Porém, essa água não é distribuída de forma uniforme às regiões. E o pior, o país não possui uma coleta de tratamento de esgoto adequada. Numa pesquisa realizada realizada pelo Sistema Nacional de Informação sobre Saneamento (SNIS) em 4,5 mil municípios (84% do território) mostra que em 2006, o índice médio nacional de coleta de esgoto por rede geral era pouca mais de 48%, mas apenas 32% do total de esgoto gerado recebia tratamento. E o pior é a ocupação da população nos mananciais, onde não há seneamento e o esgoto é depositado direto nos rios e lagos das regiões onde abastece a população urbana.

Segundo a OMS, no Brasil a porcentagem de mortes causadas pelacontaminação da água -2,3% do total - está abaixo da média mundial, de 6,3%. Ainda sim, 28 mil brasileiros morrem a cada ano em decorrência de algum fator relacionado à qualidade e disponibilidade de água e à falta de saneamento.

Portanto, temos que nos conscientizar no uso da água, denunciar abusos, e cobrar dos políticos um programa para que o Brasil não deixe contaminar o maoir bem que ele tem: a água!